domingo, 29 de maio de 2016

Resenha - Não Me Chame de Bonita - Elle Casey





Bem, achei difícil escrever esta resenha, pois tenho dificuldades em colocar em ordem meus sentimentos quanto a este livro.

Aqui, Elle Casey conta sobre Nicole, uma mulher que teve a vida, a alma e o rosto devastados por um homem abusivo que a submeteu a três longos anos de um inferno que nós só podemos imaginar. E Brian, que ao conseguir pegar uma bola de beisebol lançada por um jogador em direção arquibancada, tem sua vida modificada drasticamente. Isso porque seu filho, Liam, resolve brincar com a bola e quebra a janela da casa de Nicole, levando Brian até lá bem a tempo de salvar sua vida.

Ao ver o rosto deformado, e se deparar com a história brutal de Nicole, Brian resolve ajudá-la a se esconder de Jhon, o homem que fez isso com ela, e a curá-la, só que neste processo ele se apaixona pela mulher sofrida, sem se importar com o rosto destroçado, e com todos os problemas que ela traz.
Em resumo, este livro é lindo.

Do mesmo modo que Jhon é um mostro maldito, Brian é um dos mocinhos mais bondosos que já encontrei nesse mundo de romance. Bondoso, divertido, preocupado e que não hesita em amar uma mulher mesmo que ela estivesse longe de ser bonita ou mentalmente saudável.

Mas, mais que isso. O livro nos expõe o outro lado da moeda. Vejo muitas pessoas, assim como eu. Torcendo o nariz para mulheres que sofrem violência doméstica, com a celebre frase de “elas estão lá porque querem”, ou pior, “elas gostam de apanhar, ainda estão lá”. Bem, esse livro mostra que o buraco é mais embaixo e que o abuso emocional é tão grave quanto o físico, e pode aprisionar muito mais do que qualquer grade.

Nós vemos a luta de Nicole para se livrar do condicionamento que Jhon lhe impôs. Para recuperar a autoestima, para parar de se sentir culpada por ser vítima, para voltar a confiar nos outros. Sinceramente, é angustiante, e eu realmente entendi as decisões dela. Nós falamos com a boca cheia que com a gente seria diferente, que isso não aconteceria. Mas em momento algum nos colocamos no lugar da vítima. Muitas vezes tiramos um pouco da responsabilidade do agressor com a postura de que se ela aceita, então o que ele está fazendo não é tão grave.

Bem gente, aceitar algo, nem sempre é porque a pessoa simplesmente quer. Há algo por trás, como um emocional e psicológico completamente destroçado. A criação, a falta de perspectiva.
Brian ajuda Nicole a voltar a vida, a fazer justiça por todas as atrocidades que ela viveu. Embora eu ainda ache que ele tinha que ter resolvido de um modo mais brutal kkkk. Meu lado vingativo teria gostado de um pouco mais de sangue.

O final da história é lindo, surpreendente. E acredite, Nicole é uma das mocinhas mais fortes que já vi. Pois eu jamais teria suportando o que ela suportou e ainda permanecer agarrada a vida. O tempo todo me perguntei como ela nunca considerou se suicidar. Pois era tanta tristeza, tanta devastação. Mas a mulher tem uma fibra invejável e mesmo com toda a lavagem cerebral que Jhon fez em sua mente, ela consegue emergir, ela luta, ela não aceita, pois ela vê que há saída, há esperança, ela não precisa ser submetida aquilo.

O livro é fantástico, emocionante, chorei umas trezentas mil vezes e vale a pena. Uma história de superação e que mostra o quanto a violência doméstica é maior do que umas surras. É muito mais virulento, cruel, é um jogo psicológico e brutal onde o homem reduz a mulher a nada, faz acreditar que ela é um lixo, que merece tudo o que está passando e que não há saída, pois esse é todo o amor que ela vai conseguir no mundo.


E também mostra que há saída e que há pessoas no mundo, sim, disposta a ajudar. Principalmente o lindo do Brian que sem dúvida conquistou meu coração. Recomendo a leitura. Esta é uma história de paciência, amor e superação. Uma que nos expõe uma realidade brutal e infelizmente, muito comum.  

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